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À conversa com… Masta

Masta é um rapper Angolano residente em Portugal, pertencente ao grupo Força Suprema que nos fala um pouco da sua vida e do mundo musical, em particular do Rap.
eddie-pipocas & Masta *
Eddie-Pipocas: Quando procuras um carro o que mais te atrai nele?

Masta: Já há algum tempo que me interesso por jipes porque gosto de carros grandes, eu gosto muito de jantes, nos meus ligeiros eu não conseguia colocar jantes maiores que 19’’, então saltei para os jipes, assim posso por o tamanho que quiser. Em relação aos jipes não me importa muito o ano, até pode ser de 89, o que me importa é aquele em que possa por a jante maior, se der para pôr 30’’ então é esse que compro (sentido figurado, risos).

E-P: No teu perfil quando procuras roupa, o que mais te interessa? Se fica bem, é novo, serve ou a marca?

Masta:
No que toca a roupa, normalmente uso roupas personalizadas, não ligo se é da Gucci ou louis vuitton … A mim não me diz nada, gosto de roupas que me façam sentir bem, confortável, e giro.
O lenço preto representa os força suprema*
E-P: Em termos de tecnologias? Se gostas carros deves ser amigo de tecnologia?
Masta: Nem por isso não estou muito a par, gosto de motores, mas nem estou muito a par disso, sei um pouco de todas as tecnologias, mas não sei tudo…

E-P: Como funciona a internet para ti? Só consultar o correio electrónico ou para mais coisas?
Masta: A internet para mim é um mundo, hoje em dia eu faço tudo na internet, e esta já nos ajudou muito. Eu vendo mais na internet do que nas próprias lojas, daí termos deixado de vender nas lojas. A internet para mim foi uma das maiores invenções de sempre. Penso que não há nada que vá bater a internet, utilizo-a para divulgar a música, o nosso trabalho, ir ao blogue e até vejo sites para comprar carros. (risos).
E-P: Ainda ontem vi o novo clipe do Don G e o Prata, no vosso blogue…

Masta:
Sim, sempre que possível deixamos material disponível no blogue para que as pessoas que nos acarinham possam conhecer o que há de novo, a realidade. Não só um videoclip, ou uma música mas mostrar como o processo funciona, tentamos pôr no blogue o máximo de nós, quem somos, fotos de família, andanças, o divertimento, para dar a conhecer o que somos.

E-P: E em relação aos ForçaSuprema, se não me engano o último trabalho (Álbum) já foi há um tempo…

Masta:
Sim foi em 2007, “De corpo e Alma”.

E-P: Na altura estiveram, na SIC com o Daniel Nascimento, certo?

Masta: Sim, tivemos o prazer de trabalhar com o Daniel Nascimento, o nosso “mano” Helvio… São muitos para dizer agora, mas trabalhamos com grandes músicos.
Jantes de 24 polegadas no jeep do Masta*
E-P: Os trabalhos actuais são mais mixtapes, álbuns, projectos a solo? E como funcionam os vossos projectos a solo?

Masta:
Nós somos uma família e eu posso estar a trabalhar a solo mas vou querer sempre um “dedo” dos meus rapazes, nós decidimos trabalhar agora um pouco a solo, mas a Força Suprema continua (o grupo em si) e saudável. Quando queremos a participação de alguém, chamamos sempre um membro da família. As mixtapes são algo que sempre fizemos, aliás nós começamos numa cassete, em 1997, depois é que vieram os cd’s e etc., mas as mixtapes ajudam a manter sempre o nosso Rap em dia, sem termos de pensar em que editora procurar para distribuir os álbuns por aí, as mixtapes são úteis para mantermos o nosso trabalho nas ruas.

E-P: O que une a Força Suprema?

Masta:
Respeito, humildade, dedicação e amor entre nós é o que nos une.
E-P: Agora um pouco mais sobre ti, idade, nacionalidade…?

Masta:
Nota-se logo pelo sotaque, sou Angolano, puro “Mangolé” (muitos risos), nasci em Luanda em 1982. Saí de Angola com 11, 12 anos, lá vivia em S. Paulo, vim para Portugal para estudar, os meus pais sugeriram que viesse para cá para me proporcionarem uma boa vida, quer dizer, nós lá vivíamos bem mas era para criar novas oportunidades. Comecei por viver com a minha tia mas pouco tempo depois, aos 14anos vim para a linha de Sintra onde estou até hoje. Mas na altura nem tudo correu bem, no inicio os meus pais ainda mandavam dinheiro mas com o passar do tempo tornou-se difícil para eles e vi-me forçado a ir estudar e trabalhar ao mesmo tempo, foi muito duro. Na altura tinha 15 anos e só consegui na Construção Civil, da qual confesso que fugi, não aguentei (risos). Comecei a ter mais despesas com a escola documentos, entre outros e desisti no 10º ano de estudar e comecei a desenrascar-me… até hoje. Daí o nome da minha mixtape, “desenrascar ou morrer”. Hoje tenho a minha casa, os meus 2 filhos a minha “baby mama” (risos), os meus amigos.

E-P: Uma pequena curiosidade, a música chega para viver, ou melhor, dá para se viver da música?

Masta:
Não vou mentir, a música não dá para sustentar o estilo de vida que eu gosto e levo, tenho de me desenrascar por aí, tenho uns trabalhos extra.

E-P: O teu último trabalho assim como o do NGA têm sido bem recebidos, certo?

Masta:
Sim até agora parece que sim, o NGA é um cantor que respeito muito, para mim é um dos melhores Rappers. Nós tentamos sempre fazer boa música, esforçamo-nos muito para fazer o melhor, aliás é como costumo dizer a música tem de ser como a droga, a droga é colocada nas ruas e se a droga é boa fica-se viciado, logo vais querer consumir e consumir… (risos). Embora trabalhemos bastante a nossa música continua a ser Underground e não comercial, como os oiço por aí dizer.

E-P: Em relação há boa música, o que pensas destas novas misturas, como o Rap com Kuduro, tipo o Prata no som do Don G, o NGA…?

Masta:
Eu penso que seja bom desde que não se percam as origens, basta não se estar perdido, qualquer junção pode ser positiva e boa música desde cada parte não perca a sua essência. É um desenvolver da cultura musical.
E-P: Quem te inspira, respeitas e qual o cantor que gostarias alcançar?

Masta:
Neste momento o que me inspira é a minha vida, os meus problemas, o povo que consome a minha música. Gostaria, sem dúvida de alcançar o estatuto do Boss AC, cantor que respeito muito, desde o primeiro disco que gravou continua a gravar sempre no mesmo estilo e aos pouco foi conquistando o respeito de todos, sem perder a sua essência.

E-P: Ao nível do Rap Angolano, quem pensas estar num bom caminho? E comparando com o Rap feito em Portugal?


Masta:
Eu tenho contacto com muitos rappers angolano, não conheço muito os passos de todos, mas por exemplo os kalibrados, ajudam a que o rap angolano e a boa música angolana seja divulgada pelo mundo de forma positiva assim como os Armsquad, Djitafinha entre outros. Em relação ao evoluir do Rap penso que há muita diferença entre o que é feito e em Angola e o que é feito em Portugal. Em Portugal o rap foi-se criando… Nasceu, foi gatinhando, deu os primeiros passos, caiu mas levantou-se lentamente e continuou a crescer. Já o Rap feito em Angola foi de repente, isto é, na altura havia os SSP e poucos mais mas, de repente, surgiram bastantes grupos de Rap, foi moda, e eu não respeito isso, porque o Rap não é moda, é uma cultura, é o que eu sou e não aceito que as pessoas levam aquilo que eu sou e gosto de fazer dessa forma, tem de haver respeito e não há respeito. Não é porque estou de férias da faculdade que vou lançar um álbum e se der sucesso continuo, ou porque tenho um tio general que me financia que vou fazer Rap, estão a brincar com a música, e não respeito isso, esses rapperszinhos, para mim são brincalhões!


E-P: Os Força Suprema como grupo têm problemas ou conflitos ”beefs” com outros grupos?


Masta: Para ser sincero não temos grandes conflitos, mas os poucos que temos não estão relacionados com a música. Não é como muitos que “arranjam” esse tipo de situações para conseguirem vender, combinam, o teu bairro contra o meu e depois no palco estão grandes amigos, como se não fosse nada. Não digo que seja mau porque até acontece na América, por exemplo o Jay-Z e o NAS, mas já agora aproveito, eu penso que muitos rappers em Angola copiam muito do que se faz na América, os rappers Americanos, só falta traduzir as letras, há muitos que já o fazem, mas não vou citar nomes…


E-P: Qual é a mensagem que queres deixar para os leitores do blogue e para o mundo?

Masta: (risos) Para pararem de fabricar armas porque isso só está a destruir o mundo e há muitas crianças inocentes que estão a pagar com as ambições de certos governos. Se pensassem mais no homem e menos no dinheiro se calhar o mundo estava muito melhor, temos de pensar mais no futuro que são as crianças.


Edição e texto de: v.ribeiro
Fotos de : v.ribeiro
Reportagem realizada dia 2 de Setembro de 2009. Toda a informação apresentada conta com a autorização de Masta.*

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