Os cientistas dizem que a pulseira não resulta. Mesmo assim, desportistas e socialites não a largam
Podia ser um anúncio de televendas, daqueles que entretêm quem sofre de insónias: "Por 38 euros, melhore o seu equilíbrio com a pulseira de silicone Power Balance. Desenvolvida por um cientista da NASA, possui dois hologramas que entram em contacto com o campo energético do corpo, aumentando a sua eficácia." Podia, mas para já, a pulseira que promete "flexibilidade" e "bem-estar" não tem publicidade em nenhum canal de televisão português. Nem precisa. Desde que desportistas como Cristiano Ronaldo, o piloto de fórmula 1 Rubens Barichello ou o basquetebolista Shaquille O'neal apareceram em público com o objecto mágico, as vendas do produto dispararam. Do universo desportista, depressa chegou aos pulsos de toda gente, até mesmo do jet 7.
Em Portugal, aquela que é conhecida como a pulseira do equilíbrio começou a ser vendida no início do ano e, desde então, está sempre esgotada. "A procura é enorme e muito superior à oferta", afirma Rodrigo Herédia, dono da Linha Surf Shop, no Estoril, uma das primeiras lojas a vender estas pulseiras. "Temos sempre listas de espera, principalmente desde que há pulseiras de várias cores e tamanhos. No início só havia pretas e transparentes."
Desde 2009 que já se venderam 350 mil pulseiras em Espanha (onde custam 35 euros), mas vários estudos científicos provam que não resulta. O mais recente, divulgado em Maio pela Universidade Politécnica de Madrid, testou a pulseira em 79 voluntários e provou que "não têm nenhum resultado sobre o equilíbrio do corpo". Frederico Varandas, especialista em medicina desportiva, está de acordo: "São como as outras pulseiras do reumático as Tucson, conhecidas em Portugal como as 'pulseiras do António Sala. Falham na parte científica e por isso não são doping. Mas uma coisa indiscutível é o efeito psicológico - o efeito placebo - que pode ter."
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